Depois de mais de 300 acessos em apenas uma semana no meu blog devido à repercussão da matéria sobre o uso do sling, estou trazendo o assunto novamente. Só que agora com a opinião da entrevistada Carine Sylvestre, que também é Conselheira da Arte de Carregar Bebê, empreendedora e mãe. Carine mora nos Alpes franceses com seu marido e dois filhos. Ela é formada por três escolas: Association Suisse de Portage Bébé (ASPB), Je Porte Mon Bébé (JPMBB) e Porter Son Enfant (PSE).
As perguntas feitas na matéria anterior à Tamara Hiller foram feitas também à Carine. No entanto, teremos opiniões expressadas de diferentes maneiras, mas com o mesmo objetivo: defender o uso do sling ou carregador de bebê.
1 – Carine, conte-me a história do sling?
Depende do que se subentende sobre sling. Se você se refere ao carregador de bebê em geral a historia é simples, ela começou com os primeiros homens desta terra. O sling, propriamente dito, carregador assimétrico com duas argolas costurado em uma das pontas foi inventado por Rayner Garner, em 1980, no Havaí. Ele testou um porta-bebê do comércio e logo percebeu que não era nada adaptado ao bebê e para quem o carregava. Então fez experiências com vários panos até chegar a conclusão que o carregador deveria ser ajustado facilmente tanto para ele quanto para sua mulher e foi aí que chegou ao carregador com argolas. O termo sling é muito usado no Brasil para designar qualquer tipo de porta-bebê. O correto é dizer sling só para os carregadores com argolas e os panos propriamente ditos podem ser chamados de Pano ou Wrap.
2 - Quais países têm o hábito de usar o sling, seja ele de argola, wrap ou pouch ou qualquer outro modelo?
A Ásia e a África nunca deixaram de usar carregadores de bebê, mas no ocidente, infelizmente, com a introdução da higienização e do carrinho, houve uma pausa desta prática. Em toda a Europa até o século XVIII as mulheres ainda carregavam seus bebês no pano. A Alemanha reintroduziu o pano porta-bebê nos anos 70 e só nos anos 90 que a França reintroduziu esta prática. No Brasil a introdução é recente, mas é importante ressaltar que índios sempre carregaram suas crianças em panos, cipós, fibra de coco, palha de buriti, entre outros materiais.
3 - Como se difundiu o uso do sling no Brasil?
Acredito que a maioria das pessoas que começaram a usar e fabricar carregadores de bebê no Brasil se inspirou no exterior. Percebo que existe inspiração dos Estados Unidos e da Europa. Acredito que foram mães que moraram no exterior e trouxeram esta arte para o Brasil. Hoje a difusão é basicamente por internet (redes sociais, blogs ou weblojas). Também existem grupos em várias cidades que promovem encontros como a Slingada, por exemplo, que é um encontro entre mães e pais para promover o uso dos porta-bebês.
4 - Você conhece algum programa para mães, seja em maternidades, hospitais, clínicas ou outro lugar que dê curso para que as mamães adquiram o hábito de usar o sling com seus filhos?
Infelizmente esta técnica não se aprende sozinha e só com um vídeo não é suficiente. Carregar bebê é uma transmissão e a necessidade de aprender esta técnica antes de praticá-la é muito importante. Eu recomendo fortemente procurar uma pessoa que conhece as técnicas e que conheça a fisiologia do bebê e do carregador. Têm muitos bebês “pendurados” em carregadores fisiológicos ao invés de estarem sentados de cócoras dentro do carregador (única posição fisiológica adaptada ao corpo do bebê).
Acabei de criar um meio em meu blog para encontrar oficinas e conselheiras com o mapa Google. Para que as mães e pais pudessem encontrar facilmente oficinas de carregar bebê no Brasil, mas por enquanto a maioria das informações fica nas grandes capitais.
5 - Até que idade a mãe pode usar o sling para carregar o filho?
Antes de tudo é necessário distinguir os porta-bebês.
Sling (com argolas) pode ser usado desde o nascimento até os dois anos (pelo fato de ter pouca estabilidade para carregar nas costas).
Pano/Wrap pode ser utilizado desde o nascimento até três anos ou quatro se houver necessidade.
Meï-taï (carregador chinês) pode ser utilizado desde os quatro meses até os três anos ou quatro se houver necessidade.
Porta-bebê pré-formado pode ser utilizado desde os quatro meses até três anos.
Pouch não há nenhuma vantagem, prefiro não comentar.
É importante ressaltar que de 0 a 18 meses o bebê é carregado quase que cotidianamente porque anda pouco. De 18 meses a dois anos a criança geralmente é carregada quando os trajetos ou passeios são longos ou em lugares que necessitam proteger a criança, além do que é um excelente meio para fazer a criança dormir quando se está fora de casa. De dois a três anos a criança já quer andar, mas ainda pede para ser carregada. E mesmo que seja pontual, a criança precisa deste contato.
As posições para carregar o bebê, seja no sling, pano ou porta-bebê pré-formado fisiológico estão relacionadas à sua idade.
- De 0 a três meses carregar o bebê na frente.
- De três a seis meses carregar o bebê de lado.
- De seis meses à quatro anos carregar o bebê nas costas.
6 - Quais os benefícios para o filho e para a mãe ao usarem o sling?
- Traz segurança ao bebê e aos pais, aumenta a confiança maternal.
- Promove o “concept of continun”, passagem calma e agradável do bebê da vida intra-uterina à vida extra-uterina.
- Estimula a lactação e aumenta a capacidade da mãe de ser fonte de alimento para seu filho.
- Favorece o sono e acalma o bebê, menos estresse.
- Estimula o sistema psicomotor; tonicidade muscular, sistema vestibular, etc.
- Diminui as famosas cólicas.
Leia mais em http://migre.me/4CcKk
7 - Os sling são recomendados por profissionais da área, como médicos pediatras?
Sim, desde que a fisiologia do bebê seja respeitada, acredito que a maioria dos profissionais de saúde recomenda carregar os bebês, pois é natural e importante para o seu desenvolvimento. Carregar bebê oferece praticidade para os pais, os laços de amor são rapidamente solidificados e criam maior confiança em suas próprias capacidades. Mas ainda existe muitos profissionais que pensam que o bebê já é um ser capaz de se virar sozinho (sem contato) e talvez estes vão aconselhar comprar um carrinho (que custa muito mais caro) ou então dar mamadeiras. E pior que quando este tipo de conselho vem de alguém diplomado é difícil os pais contestarem.
8 – Atualmente tem alguma instituição especializada que aprova se o sling está em perfeitas condições de uso para que não prejudique o crescimento do bebê ou que melhor de adapte à posição fisiológica do bebê?
Que eu saiba não existe nenhuma instituição pública ou privada regulamentando o porta-bebê no Brasil. Por enquanto podemos contar com o Inmetro, que é o único que garante controle de qualidade. Em minha opinião todos os porta-bebês deveriam ter selo do Inmetro, já que estamos falando de crianças. Ainda falta certificação para a toxicidade do tecido (tipo Oko-tex) e certificação para a fisiologia do bebê. Existem algumas corporações no estrangeiro, mas infelizmente não são oficiais e não garantem suporte suficiente para que o porta-bebê e o modo de usar sejam de boa qualidade.
9 - Quais são os tipos de sling mais recomendados por profissionais da área?
O pano/wrap porta-bebê é o mais indicado, pois é o que mais se adapta ao corpo do bebê e é super polivalente. Oferece a possibilidade de mais de 20 amarrações. Usa-se do nascimento até aos quatro anos. A única desvantagem é que precisamos aprender a técnica com alguém para utilizá-lo.
O sling (de argolas) é um excelente meio para começar a carregar o recém nascido sem precisar fazer muitas oficinas para aprender as amarrações. Precisamos somente ter conhecimento de algumas informações. O que pouca gente sabe é que este porta-bebê super prático também tem suas restrições. Sempre vejo fotos na web com bebês deitados ou com a “face ao mundo”, sendo que estas posições não são fisiológicas para o bebê. A recomendação é somente carregar o bebê na posição vertical. A posição horizontal fica reservada exclusivamente para o período da amamentação.
E sobre o pouch nunca vi boas recomendações.
10 – O que a mãe precisa levar em consideração ao comprar um sling?
É muito importante verificar a qualidade do tecido, o tipo de tecido, se o carregador é ergonômico, se as argolas são seguras, entre outras. Atentar para a qualidade do porta-bebê, geralmente os vendedores conscientes expõem ao cliente o controle de qualidade do produto.
Eu conselho comprar um porta-bebê com fabricantes sérios. Já vi gente vendendo sling sem modo de uso e até com manual super mal feito, tornando perigoso para a fisiologia do bebê.
11 – Você acredita que o uso do sling é pouco difundido no Brasil? Por quê?
Sim, é pouco conhecido. Eu acredito que é por causa da distância geográfica do Brasil, as “novidades” demoram a chegar. E a maioria das oficinas acontece em São Paulo. Mas sem desesperos, a Alemanha, por exemplo, utiliza os panos porta-bebês há mais de quarenta anos e na França é utilizado somente há 15 anos e são países vizinhos. No Brasil, a única coisa que está faltando mesmo é a informação correta sobre as técnicas e os diferentes tipos de porta-bebês, principalmente informações sobre a fisiologia do bebê. Um exemplo é carregá-lo deitado no porta-bebê - pode causar dores articulares e musculares ao bebê. Pior ainda é o canal respiratório que fica quase bloqueado por causa da cabeça enfiada dentro do pano. Mas com o tempo, paciência e experiência chegaremos lá.
"O sling (de argolas) é um excelente meio para começar a carregar o recém nascido sem precisar fazer muitas oficinas para aprender as amarrações"
"Hoje em dia têm muitos bebês “pendurados” em carregadores fisiológicos ao invés de estarem sentados de cócoras dentro do carregador"ATENÇÃO: É expressamente proibida cópia, reprodução parcial ou qualquer forma de extração de informações deste blog sem prévia autorização do autor da matéria.
Sônia...... você nos surpreende a cada dia com suas matérias. Tenho que parabenizá-la novamente porque as suas postagens estão muito boas. Continue escrevendo sobre esses temas que eu estou adorando!!!
ResponderExcluirSonia,
ResponderExcluiradoramos a entrevista.
Fabi e Mauro.
Muito interessante a matéria. Traz o início da hitória do sling. Não tinha idéia que erdamos isso dos nossos ancestrais. É verdade, já vi muitas tribos indígenas carregando os filhos em cipós, panos, etc.
ResponderExcluirParabéns.
Soninha,
ResponderExcluirvocê realmente está apavorando, amiga. Suas matérias estão muito boas. Éh, a vinda do Pedrinho aflorou ainda mais o seu tino jornalístico. E suas matérias estão totalmente ligadas à maternidade. O que acho legal é que você não coloca apenas as suas experiências e sim a opinião de pessoas que entendem do assunto.
Usei o sling até meu filho completar 3 anos. Ele sempre gostou.
ResponderExcluirSimplesmente maravilhosa essa matéria. Adorei todas as dicas da sua entrevistada. E a formação dela é invejável.
ResponderExcluirSonia, nossa entrevista esta otima, obrigada pela parceria e pelo teu interesse!
ResponderExcluirEstou super feliz que aos poucos mais e mais mães e pais, assim como profissionais de saude, se impregnam desta arte. Esta transmissão é um retorno as origens, e vale a pena de ser vivida por todos. Abraços :)
Sônia,
ResponderExcluirjá li e passei pra Martinha ler também. Não fazia idéia de como o sling é importante para o desenvolvimento das crianças. Vamos comprar, com certeza um sling para carregar o pequeno.
Valeu
Um abraço meu e da Marta
A matéria está ótima - cheia de informações importantíssimas. Achei o máximo o que essa entrevistada escreveu sobre os carregadores de bebê, como ela prefere chamar. Aliás, ela é formada em três escolas européias.
ResponderExcluirSonia... concordo com os comentários acima. A matéria ficou ótima!!! Parabéns!!!!!! Quem sabe daqui uns 3 anos eu também estarei comprando um sling para o meu pimpolho. hehehehe
ResponderExcluirUm abração
Saudades
Sonia, a matéria está muito boa. O que achei legal é que uma complementa a outra. A entrevistada da matéria anterior traz algumas coisas diferentes da entrevistada dessa matéria. Senti que essa não é a favor do pouch. Ainda bem que minha irmã não comprou. Ela quase levou o pouch, mas achou que não iria servir muito tempo na Valentina. Até porque ela é grande.
ResponderExcluirGostei muito das duas entrevistas.
Um beijão
Sandra, obrigada pelos elogios. Com certeza continuarei escrevendo matérias com foco na maternidade.
ResponderExcluirUm beijão
Obrigada, Fabi.
ResponderExcluirUm grande abraço a você e ao Mauro.
Caríssima Tere,
ResponderExcluiro próximo post vai trazer um pouco das slingadas. De como acontecem os encontros.
Abraços
Suzane,
ResponderExcluirmuito obrigada pelo carinho! Realmente, a vinda do Pedro aumentou a minha vontade de escrever. Antes meu blog estava abandonado e agora minhas matérias estão ligadas à maternidade. Amo escrever sobre esse tema.
Super abração.
Que ótimo, Ana.
ResponderExcluirEu também quero usar o sling até que o meu filho Pedro complete 3 ou 4 anos ou então até que ele queira ser carregado.
Goreti, obrigada. As dicas da entrevistada Carine estão ótimas. Realmente, ela tem uma formação de dar inveja. É formada por uma associação da Suiça e outras duas da França. Ela gosta muito do que faz e é comprometida com seu trabalho.
ResponderExcluirCarine, querida! Concordo contigo: nossa entrevista está ótima!!! Obrigada você pela parceria e pelo interesse!
ResponderExcluirAcredito que aos poucos podemos mostrar por meio de matérias como essas que o uso do carregador de bebês é benéfico para o bebê e para os pais.
Um grande abraço e obrigada por participar, por doar seu tempo para responder às perguntas.
Saulo, bendito fruto entre as mulheres! Muito bom ver a opinião de um homem aqui.
ResponderExcluirComprem mesmo, vocês vão perceber aos poucos como é importante essa proximidade com o bebê.
Um abraço pra você o outro pra Marta
Marina,
ResponderExcluirA entrevistada é uma fonte segura. Sim, ela é formada por três escolas da europa. Ela domina o assunto "carregadores de bebês". Aliás, ela fabrica slings nos Alpes franceses, onde ela mora.
Rafa, queridaaaaa!
ResponderExcluirObrigada.
Opa.... se animou é? hahaha - vai com fé!
Eu lhe dou um de presente!
Saudades também.
Maria Helena,
ResponderExcluirObrigada. Foi esse o meu objetivo desde o início. Unir as opiniões das duas entrevistadas.
No início seria uma única matéria, mas como o assunto rendeu eu preferi fazer matérias separadas.
Pois é, sobre o pouch a Carine não quis nem se pronunciar. Ela prefere os outros modelos de carregadores que são fisiológicamente corretos para os bebês e crianças.
A Carine comenta que o pano ou wrap é um dos mais indicados para os bebês.
Abraços
Maria Helena,
ResponderExcluirA entrevistada também afirma que o sling de argolas pode ser usado desde o nascimento até os dois anos.
Sonia, vi o link dessa matéria no site Mulher e Mãe. Adorei as respostas da sua entrevistada.
ResponderExcluirColoque novos links que assim eu lembro de entrar aqui para ler suas matérias.
Sua matéria está excelente, Sonia. Vou passar para a Eliandra ler também. Ela vai gostar porque ela já usa o sling com a Fernandinha.
ResponderExcluirUm beijão pra você e outro para o Pedro Henrique.
Sabe que carrego uma frustração, pois não conseguiu usar o sling!
ResponderExcluirAcredito que por falta de informação e também porque não era comum na época ver alguém usando sling para carregar seus filhos pequenos.
Mas acho o máximo quem usa o sling e além de lindo tem a parte mais importante, que é ficar próxima do bebê ao invés de carregá-lo no carrinho ou então apenas no colo, o que torna o passeio cansativo, dependendo do peso da criança.
Eu usei o wrap com meu filho desde o primeiro mês de vida até os 3 aninhos e meio. Ele adorava. Excelente matéria.
ResponderExcluirSoninha... amei as duas matérias sobre o uso do sling.
ResponderExcluirParabéns!!!
Bjsss
Saudades.
SÔnia,
ResponderExcluirparabéns pelo blog. Achei interessante que você não coloca apenas suas esperiências, mas sim a opinião de especialistas no assunto.
Um abç e mais uma vez parabéns.
Parabéns pela matéria. Gostei muito das duas entrevistadas, tanto a entrevista da Carina quanto da Tamara.
ResponderExcluirAbraços, Soninha.
Prezada Sônia,
ResponderExcluirsuas matérias sobre o uso do sling estão muito interessantes. A minha filha leu e já comprou o wrap para carregar minha neta de 3 meses.
Obrigada por nos proporcionar momentos como esse de aprendizado.
Simplesmente maravilhosa essa matéria! Adorei!!!
ResponderExcluirQuerida Carine, a entrevista ficou maravilhosa! Foi isso que esperei quando passei seu contato para Sonia. Seu trabalho tem muita importância para o futuro da arte de carregar bebês aqui no Brasil.
ResponderExcluirUm abraço grande e seguimos trabalhando juntas nisso,
Tamara Hiller, www.slingando.com
adorei a entrevista!
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